Começar do zero: o que me levou a mudar de caminho e de país
Entre silêncios, medos e redescobertas, reencontrei minha essência criativa e a coragem de recomeçar.
Em primeira pessoa do singular
Houve um tempo em que eu já não me reconhecia.
As palavras, que antes fluíam com naturalidade, começaram a se esconder de mim. Eu, que sempre encontrei na escrita um lugar seguro, passei a me sentir uma estranha no meu próprio mundo criativo. Tudo parecia sufocado: as ideias, os sentimentos, os desejos.
O esgotamento vinha de muitos lados — vida pessoal, conflitos familiares, e uma sensação crônica de não-pertencimento. Mas o que doía mesmo era essa desconexão com quem eu realmente sou.
Foi aí que entendi: era hora de sair da ilha para ver a ilha.
E eu saí. Com duas malas, uma mochila e uma coragem que, até então, eu nem sabia que existia em mim.
Onde a ideia encontra o caminho
A vontade de morar fora, aprender outros idiomas, mergulhar em culturas diferentes sempre existiu. Mas por anos ficou guardada em uma prateleira chamada “um dia”. O que me impedia não eram só os motivos que eu repetia para mim mesma como desculpas — dinheiro, estabilidade, tempo — mas sim o medo. O medo de assumir o controle da minha própria vida e das consequências que esse movimento traria.
A virada aconteceu quando percebi que já não me via mais como uma pessoa criativa. E isso me doía mais do que qualquer incerteza. A criatividade, para mim, é bússola, e sem ela eu estava à deriva.
Depois de dois anos de terapia, diálogos internos difíceis e muitos planejamentos, as peças começaram a se alinhar. A Argentina apareceu como destino, mas mais do que isso, como escolha. E, de alguma forma, também me escolheu de volta.
E como essa escolha aconteceu? Eu te conto aqui:
A jornada me ensinou até agora
Cheguei em Buenos Aires no dia 05 de agosto de 2024, pronta para recomeçar.
Desde então, muita coisa mudou, principalmente dentro de mim. Fazer esse movimento, vir sozinha, lidar com a burocracia, recomeçar uma rotina do zero, tudo isso me fez perceber que tenho mais controle sobre minha vida do que imaginava. E mesmo o que escapa ao meu controle já não me assusta tanto assim.
Redescobri minha força, meu valor e, o mais bonito de tudo, minha criatividade. Passei a me inspirar nas pequenas coisas: um céu bonito, uma conversa em outro idioma, um detalhe qualquer de um dia comum. E isso tem me alimentado de dentro pra fora.
A maior lição? Que o silêncio — esse espaço muitas vezes desconfortável — é onde a clareza nasce. Foi nele que voltei a me escutar.
Palavras que me encontraram
Uma seleção de materiais que tocaram meu coração e minha mente nos últimos dias:
"De onde vêm as ideias" – Gostosas Também Choram, por Lela Brandão.
Em meio a uma crise criativa, Lela se pergunta: "Como as pessoas conseguem ser tão criativas?" — e, a partir desse lugar real e honesto, compartilha um insight transformador que mudou sua perspectiva.O Caminho do Artista, de Julia Cameron.
Um clássico para quem quer se reconectar com a própria criatividade de forma mais leve e intuitiva. Ainda não iniciei os exercícios, mas pretendo ler e relatar toda a experiência em breve. Sinto que esse livro vai me acompanhar por um bom tempo.@ninabaiocchi no Instagram.
A Nina transforma seus textos em vídeos com um bom gosto estético impressionante. Seus conteúdos são aulas completas de storytelling e criatividade, sempre com um tom bem-humorado que te prende do começo ao fim.
O que ainda não tomou forma
Essa nova fase ainda é cheia de perguntas sem resposta. O que exatamente vou construir a partir daqui? Como consolidar minha marca, minha carreira? Onde essa jornada vai me levar?
O que eu sei, é que quero seguir estudando, criar com consistência, experimentar novos formatos, e encontrar formas sustentáveis de explorar a minha criatividade, descobrindo e criando outras maneiras de se apaixonar pela vida. E escrever sobre elas, é claro.
Essa experiência tem me mostrado que a clareza vem com o movimento. E por mais que eu ainda não tenha todas as respostas, confio que estou indo na direção certa.
Até o próximo impulso
Se eu pudesse deixar um conselho para quem está aí, no quase, no talvez, seria esse: se joga. Com medo, com dúvida, com tudo.
O movimento, por menor que seja, tem poder. A criatividade vive no risco. E a vida começa de verdade quando a gente ousa se reinventar.
Quem sabe a gente se encontra no meio do caminho, né? ❤️🔥